sexta-feira, 11 de abril de 2014


GUDENGO

Seu José Christo vive em uma ilha entre o rio e o mar, no estado do Pará.

Vulgo Gudengo, conhece a lenda de cada peixe, e conta em formato de piada.

Gudengo canta cantigas em voz fanhosa, improvisa poemas e repete histórias fantásticas que não sabe de onde vieram (provavelmente de sua cachola inquieta).

Gudengo desliza pelas pedras com suas botas de cano alto e começa a chamar as garças pelo nome.

Gudengo foi uma vez à capital. Não gostou do que viu. 

Gudengo se diz católico & evangélico, mas não pisa em igreja nenhuma, acha que todas são tontices humanas.

Sobre Gudengo, pairam histórias obscuras em seu passado, mas ninguém tem certeza de nada.

Gudengo tem um olho pra cada lado, mas os dois olham pro mesmo céu quando surge uma lembrança da mulher: a antiga esposa, cujo cheiro ele já não lembra.

Gudengo tripudia do real, mas fica amigo dos peixes que come. Ele os encontra todo dia em um curral de pesca, pela manhã, na maré vazante.




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