GUDENGO
Seu José Christo
vive em uma ilha entre o rio e o mar, no estado do Pará.
Vulgo Gudengo,
conhece a lenda de cada peixe, e conta em formato de piada.
Gudengo canta
cantigas em voz fanhosa, improvisa poemas e repete histórias fantásticas que não
sabe de onde vieram (provavelmente de sua cachola inquieta).
Gudengo desliza
pelas pedras com suas botas de cano alto e começa a chamar as garças pelo nome.
Gudengo foi uma
vez à capital. Não gostou do que viu.
Gudengo se diz
católico & evangélico, mas não pisa em igreja nenhuma, acha que todas são
tontices humanas.
Sobre Gudengo,
pairam histórias obscuras em seu passado, mas ninguém tem certeza de nada.
Gudengo tem um
olho pra cada lado, mas os dois olham pro mesmo céu quando surge uma lembrança da mulher: a antiga esposa, cujo cheiro ele já não lembra.
Gudengo tripudia
do real, mas fica amigo dos peixes que come. Ele os encontra todo dia em um
curral de pesca, pela manhã, na maré vazante.