segunda-feira, 16 de junho de 2014


ENTRE O SONHO E O MAR

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Eis o cara que fica aqui fora, que anda por aí sozinho, que ainda espera que você saia de sua bolha, de suas panelas confortáveis - ainda espera que você interrompa bruscamente suas conversas de sempre e depois diga algo que seja, que me desloque para...

Colecionador de frases feitas, caras pálidas e olhos insones, o sujeito se manda e mergulha na praia de areias mornas, de água gelada com restos de algas e águas vivas.

O ministério da saúde o advertiu: trabalho demais faz mal à saúde, trabalhar não permite que se observe o brilho fugidio dos grãos de areia molhados pela água do mar refletindo as cores mutantes do céu de outono.

Cada vez mais convencido de que nos sonhos vem o delírio humano mais puro, a poesia mais aterradora - como a comunicação indireta entre um ser e outro, em um átimo de segundo, um olhar desnudo sem barreiras alfandegárias, sem revistas obrigatórias.


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