terça-feira, 3 de setembro de 2013


FETICHE DAS MASSAS

Dormia profundamente. De repente sente algo serpenteando no dorso de sua mão, depois subindo braço acima. Dá um pulo da cama, acende a luz: sobre o lençol branco uma lacraia de dez centímetros fazia sua dança pré-histórica. Em pânico, consegue pegar um tênis, puxar o lençol, jogar a lacraia no chão e destruí-la de um só golpe.

Ainda com nojo, lava a pele usada como trilha pelo bicho escroto, enquanto o primeiro pensamento, involuntário e reconfortante, é dedicado aos olhos azuis da gatinha de Ipanema que havia conhecido naquela tarde, quando ela entrou no escritório com sua bermuda de camuflagem nas selvas, suas mãos de unhas impecáveis e anéis dourados, seus cabelos com reflexos brilhosos.

Vai até a cozinha e abre uma coca-cola. Imediatamente beija a boca da latinha com gosto, sem mais preocupação alguma. Confia na estabilidade das coisas, nos seus hábitos antigos, nas tradições familiares.

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