terça-feira, 3 de setembro de 2013


UM DIA NA VIDA

Sair cedo e provar da cidade acordando, mergulhar ao fundo dos olhos recém-abertos da moça que me serve o café. Sorver o café preto, a contrariedade contida, a selvageria quase esquecida do escravo civilizado. Desbotadas promessas, uma gota vermelha e viscosa escorrega pelo rosto dela e cai em cima de minha mão direita. O que fazer do líquido escuro, parado na cavidade entre o polegar e o indicador, o que fazer de tantos olhos à deriva, flutuando perfeitos entre o nada e o lugar nenhum?   

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