POETA PANDA ADOECIDO
Difícil é cair no mundo de verdade, abrir espaços
no real a porretadas de poesia, difícil é se integrar às pessoas de um modo
menos raso, mercado-lógico. Nada fácil, mesmo que seja um
dia de ócio e passarinhos. Há mais de um mês ninguém lhe toca, suas mãos não
conseguem tocar alguém, seus poemas lhe parecem quinquilharias empoeiradas.
E que se danem seus poemas, ele queria era
ter os arroubos poéticos de outro tempo, a sensação de estar vivo, as
eletricidades dançantes, o humor que vinha de graça.
Esquisito como um urso panda adoecido, um
jacaré partido ao meio. Não vislumbra efeitos, gira em torno de idéias. A vida
pede: mexa tudo em torno, se livre de tanto pensamento. Só a desistência parece
fazer sentido. E quando ele surge (um abandono radical do futuro, o fim de tanto projeto) sente algo inflando o peito: janelas vão se abrir, as perguntas simples vão voltar, o dia de hoje.
encaixe como luva!
ResponderExcluirabs,
leo.