quinta-feira, 3 de outubro de 2013

    POETA PANDA ADOECIDO

   Difícil é cair no mundo de verdade, abrir espaços no real a porretadas de poesia, difícil é se integrar às pessoas de um modo menos raso, mercado-lógico.  Nada fácil, mesmo que seja um dia de ócio e passarinhos. Há mais de um mês ninguém lhe toca, suas mãos não conseguem tocar alguém, seus poemas lhe parecem quinquilharias empoeiradas.

  E que se danem seus poemas, ele queria era ter os arroubos poéticos de outro tempo, a sensação de estar vivo, as eletricidades dançantes, o humor que vinha de graça.


  Esquisito como um urso panda adoecido, um jacaré partido ao meio. Não vislumbra efeitos, gira em torno de idéias. A vida pede: mexa tudo em torno, se livre de tanto pensamento. Só a desistência parece fazer sentido. E quando ele surge (um abandono radical do futuro, o fim de tanto projeto) sente algo inflando o peito: janelas vão se abrir, as perguntas simples vão voltar, o dia de hoje.

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